Autorretrato

por Jhoilson Fiúza

Sentado entre tantas bagunças do dia-a-dia

Entre livros e pensamentos

Pus-me a pensar...

“Que retrato pintaria de mim mesmo?

Quais adjetivos serviriam para me caracterizar?”

Tarefa nada fácil de realizar.

Selecionar, recortar, delimitar

Tarefa de um verdadeiro historiador,

Quantos verbos!

Quantas possibilidades de conjugar!

Me despi da timidez,

Arrumei as bagunças,

Coloquei em ordem os pensamentos

Decidi começar!

Já não era sem tempo, pensei comigo mesmo.

Reportei minhas memórias para alguns anos atrás,

Lá atrás!

Lembrei-me dos meus pais

Dos calos em suas mãos,

E da difícil missão:

Criar sete filhos.

Como não lembrar desses simples agricultores?!

Plantadores não apenas de feijões, milhos e batatas,

Mas plantadores de sabedoria

Que não se resume apenas às fórmulas, gráficos e números.

Meus pais desconheciam esse saber formal e institucionalizado,

Mas conheciam o saber real,

Do respeito ao próximo e da valorização do ser humano.

Ensinaram-me a dividir, mesmo quando a divisão parecia impossível.

Lembro com saudosismo as historinhas que minha avó contava

Muitas delas inventadas naqueles momentos.

Entre alguns – muitos – erros de português o fascínio era notável.

A emoção do enredo tomava conta dos netos.

Quem se importava com meia dúzia de palavras pronunciadas de modo errado?

Minha imagem é fruto desses personagens,

Ao olhar no espelho, a imagem que se reflete não é a minha.

Não são meus olhos, minha face, minha expressão,

Meu autorretrato é mais deles do que meu.

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Jhoilson Fiúza é acadêmico de Licenciatura em História pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID/CAPES); e Professor de redação pela Prefeitura Municipal de Muritiba, Bahia.